de Rarache Rodrigues*
Ao andar de transporte público na capital brasileira encontramos figuras singulares, vendedores ambulantes motorizados, que carregam cestas de guloseimas.
O que impressiona não é o fato do comércio ser ilegal, pois a ilegalidade é o alto índice de desemprego do Brasil. O curioso é a habilidade na fala dos supostos vendedores.
Misturaram o que há de mais chato no convívio social, o pedinte e o vendedor insistente. A piora advém da péssima qualidade do transporte público da nossa orgulhosa cidade cinquentenária, e da ausência de regras de convívio social dos brasilienses.
Para quem não tem o privilégio de participar diariamente dessa miscelânea de novidades diárias, vai uma pequena demonstração.
O passageiro entra no ônibus ofegante, pois o motorista nunca para corretamente no ponto, vai passar na catraca e aproxima o cartão da “difícil” (empresa administradora da bilhetagem eletrônica). Senta-se confortavelmente ao lado de um passageiro que tem problemas no fechamento das pernas, abre um livro para tentar esquecer de seus problemas, quando começa a leitura, aparece um dj tocando em seu mega celular o melhor do funk carioca.
Em meio a esse ambiente amplamente democrático entra um rapaz com futuro promissor no mundo político. Com sua retórica e linguagem simples explica,com discurso sem gaguejos, a dura vida que leva com seus irmãos e sua pobre família, diz que se esforça para estudar e pede para se não quisermos ajudá-lo podemos comprar alguns doces para “adoçar” a vida.
Torcemos para que realmente esse transeunte do transporte continue estudando, não para ser um futuro político, pois isso não é um opção muito aconselhada, mas que seja um jurista, professor ou qualquer profissional de talento no dom da fala.
Que ele possa acreditar que a pobreza pode ser momentânea, mas a humildade tem que ser eterna.
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